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A fazenda de mel de Seu João do Mel costumava ser o lar de 100.000 abelhas nativas. Hoje, restam apenas 100 caixas de mel e sua outrora próspera fazenda se tornou um cemitério de abelhas. As plantações de soja - e os pesticidas que as acompanham - invadiram a terra ao seu redor, relata a jornalista e bolsista do Amazon Rainforest Journalism Fund, Mara Régia. A terra foi posta a nu pelo desmatamento para expandir o agronegócio em larga escala. A água foi contaminada. Incêndios se acenderam e o ar foi envenenado. A destruição já vem ocorrendo há anos.
A experiência de Régia com este tema remonta a mais de uma década. Em 2006, Régia estava a caminho de Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso – um dos maiores polos do agronegócio mundial, para ministrar uma oficina sobre combate ao desmatamento, queimadas e construção de hortas medicinais. Chegou a tempo de testemunhar a tragédia provocada por um avião que despejou veneno sobre a região e imediatamente matou todas as plantas. A triste história virou denúncia de lideranças às autoridades, virou grandes reportagens e estudos científicos sobre as consequências anos depois, inclusive como a contaminação no leite materno por agrotóxicos.
Treze anos depois, como um número recorde de pesticidas foi autorizado para uso no Brasil, Régia voltou à região para entrevistar residentes e cientistas sobre o novo assassinato em massa de abelhas causado pelo uso indiscriminado de pesticidas nos biomas da Amazônia e do Cerrado. O relatório de Régia expõe como a morte dos polinizadores representa cada vez mais uma ameaça real na região.