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Projeto Julho 18, 2021

Alcântara vai pro espaço: o impacto da construção de um centro de lançamento de foguetes na Amazônia

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O Brasil está prestes a alugar para os EUA, uma faixa de terra no interior do Maranhão, onde vivem cerca 300 comunidades quilombolas. Um decreto promulgado em novembro de 2019, já aprovado pela Câmera e Senado, dá andamento a um acordo assinado em março do mesmo ano pelo presidente Bolsonaro em Washington. O acordo permite que satélites norte americanos sejam lançados no Centro de Lançamentos de Alcântara, o CLA.

Construído na década de 1980, o CLA, entretanto, não é suficiente para o projeto binacional. A chegada dos EUA prevê a construção de uma nova base de lançamento e a remoção de cerca de duas mil famílias quilombolas. Em 27 de março desse ano, inclusive, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República publicou uma resolução confirmando a intenção de remover os moradores e ocupar outros 12.645 hectares dentro do território quilombola.

A resolução só foi suspensa por conta de uma decisão judicial que proibiu que despejos acontecessem em meio a pandemia do COVID-19. O fantasma das remoções, para os quilombolas de Alcântara, já é antigo. Há 30 anos, em 1986, o CLA, remanejou compulsoriamente 25 comunidades que viviam à beira do mar, colocando-os a cerca de 20 quilômetros de distância no interior do continente. “Eu tinha 7 anos, mas eu me lembro muito bem.”, conta Inácio Silva Diniz, liderança do Movimento dos Atingidos pela Base, o MAB, que vive na comunidade Marudá, uma das 8 agrovilas construídas para receber as famílias desalojadas. “A minha infância foi caminhando para ir pescar. Caminhando três horas de viagem para chegar no mar.”, afirma ele, lembrando da insegurança alimentar que as remoções do passado causaram.