ONDE REPORTAMOS


A floresta amazônica, bioma de 7 milhões de km2, foi cultivada ao longo de 12 mil anos. O fogo, considerado hoje um dos principais agentes da degradação ambiental, foi—e continua a ser—uma ferramenta de construção de paisagens. Usado há milênios por indígenas, quilombolas e ribeirinhos, ele simboliza uma ideia de futuro e conservação da Amazônia. O fogo é o pai da agrobiodiversidade.

O projeto terá, no fogo, o fio condutor para a documentação de paisagens humanizadas (patrimônio natural e cultural), extrativismo dinâmico e manejo agroflorestal—pilares para o desenvolvimento de uma nova economia da floresta, que possa garantir viabilidade socioambiental para a Amazônia—. Com perspectiva histórica e científica, a meta é visitar comunidades que vivem dos recursos naturais e mostrar que o conhecimento tradicional é basilar para a manutenção da floresta em pé. Caminho sustentável para a sociedade amazônida e global—resistência contra modelos de ocupação predatórios e imediatistas que, conforme escancaram dados dos últimos anos, são agentes do atraso, do caos, da violência e da destruição—.

Há o fogo que destrói e há o fogo que constrói, ao impulsionar ciclos que, segundo cientistas, revertem florestas em florestas. Fogo contra fogo!

A arqueologia embasará um olhar documental cujo objetivo, por fim, é suscitar uma mudança radical na maneira como as sociedades modernas se relacionam com a Amazônia, um bem comum de toda a humanidade. “As estratégias das populações tradicionais foram e são baseadas na diversificação agrobiológica”, escreveu o arqueólogo Eduardo Neves, da USP.