Bolsa de Reportagem Dom Phillips: "Como Salvar a Amazônia?"

"Como Salvar a Amazônia" era o título do livro que o jornalista Dom Phillips queria terminar de escrever quando ele e o indigenista Bruno Pereira foram assassinados em 5 de junho de 2022 durante uma viagem ao Vale do Javari. Esta chamada especial, que estamos lançando seis meses depois do crime, é um convite para fazer reportagens como Phillips sempre quis: no local, em conversa com as comunidades, e procurando mostrar a um grande público as possíveis formas de evitar o colapso deste ecossistema crucial e daqueles que o habitam.

Esta chamada especial vem no meio de uma mudança política na região. Após anos de negligência e destruição, existe esperança. As eleições na Colômbia e no Brasil, e outras mudanças políticas em outras nações da região, colocaram no poder governos para os quais a Amazônia é mais uma vez uma prioridade, com propostas concretas, demandas claras e pedidos de apoio da comunidade internacional. Mas é improvável que venham soluções concretas se a mudança estiver apenas no discurso. O que, concretamente, pode ser feito para o futuro da Amazônia?

Chamada de propostas

O Pulitzer Center Rainforest Journalism Fund (RJF) lança a Bolsa Dom Phillips para financiar ambiciosos projetos de jornalismo que investigam o futuro da Amazônia e como evitar seu colapso.

Apoiaremos propostas que sejam originais e exaustivamente estudadas É importante que as propostas sejam ambiciosas, especialmente em termos de divulgação, e que atinjam grandes audiências. Os projetos apresentados devem necessariamente ter um plano de distribuição em mídia impressa, digital, áudio, vídeo, rádio ou televisão com ampla circulação e influência nacional ou internacional. A colaboração entre esses meios de comunicação de massa e os jornalistas ou a mídia local nos países amazônicos será particularmente bem-vinda. Cartas de compromisso assinadas por editores ou diretores de mídia, expressando um claro compromisso de publicar o produto final, serão essenciais.

Convidamos jornalistas, editores, mídias independentes—local, nacional, e internacional—a proporem trabalhos focados na busca de soluções para o futuro da Amazônia. Que problemas afligem e que soluções são exigidas por aqueles que vivem nos territórios da Amazônia? Em um mundo marcado por diversas crises, quais são as ideias mais realistas e promissoras? Como os grupos mais relevantes para esta região do mundo—comunitários, locais, nacionais e internacionais—podem tomar ações necessárias? E como estas soluções podem ser alinhadas às comunidades amazônicas?

Estes questionamentos indicam interesses gerais nestes tempos de mudança para a região. As seguintes perguntas podem servir como diretrizes para a sua proposta:

• Que lideranças existem na Amazônia com propostas que precisam ser ouvidas?
• Que soluções os povos amazônicos propõem com base em suas visões de mundo e ancestralidade?
• Quais são os pontos críticos para a Amazônia? Onde precisamos fazer o quê?
• Como deve ser a recuperação institucional? Como reinstalar agências e políticas de proteção? Como reconstruir o tecido social e comunitário? Como criar algo melhor do que temos?
• Como combinar o crescimento populacional com as oportunidades de emprego não exploratório?
• Como despertar uma genuína preocupação com a Amazônia entre as populações locais e nacionais?
• Como incluir a população das cidades amazônicas, parte da qual é formada por uma elite extrativista, nas soluções? Qual poderia ser o papel das cidades amazônicas?
• Como combater o crime organizado e as atividades ilegais nos territórios indígenas e nas unidades de conservação sem destruir os ecossistemas e os tecidos sociais?
• Como lidar com o agronegócio, um setor responsável por grande parte da devastação da floresta amazônica? Existem novas ideias para este setor?
• Quais são as formas mais interessantes e potencialmente bem-sucedidas de trazer recursos da comunidade internacional para proteger a Amazônia?
• O que aprendemos com os fracos resultados dos certificados de carbono?
• Quais são as oportunidades de sucesso para novos governos em tempos em que a crise energética global exige políticas extrativistas, prejudiciais ao ecossistema e suas populações?
• Quais são as lições de projetos bem e mal sucedidos do passado, e que projetos poderiam ser levados a outro nível e transformados em grandes políticas transformadoras?

Recebemos um grande número de propostas sobre a Amazônia brasileira. Portanto, gostaríamos de incentivar as pessoas interessadas em apresentar projetos a propor também histórias sobre a Colômbia, o Peru, o Equador, a Bolívia, ou a Venezuela. Também serão bem-vindos projetos que ofereçam perspectivas multifacetadas, por exemplo, de áreas de fronteira, ou de uma possível colaboração entre países amazônicos e outras nações do mundo. 

As propostas devem atender aos mais altos padrões de qualidade sem descuidar da segurança de todos os envolvidos. Viagens desnecessárias devem ser evitadas e medidas preventivas de saúde e proteção para jornalistas e para as comunidades locais e indígenas devem ser implementadas.

O prazo para aplicar à Bolsa de Reportagem Dom Phillips é 18 de janeiro de 2023. As propostas devem ser apresentadas em inglês, português ou espanhol. As reportagens podem ser feitas e publicadas em qualquer idioma. O Comitê do Amazon RJF e o Pulitzer Center selecionarão projetos que atendam aos critérios de conteúdo e distribuição acima, e darão prioridade a trabalhos colaborativos que garantam impacto local, nacional ou internacional. Isto não exclui os projetos propostos por uma única pessoa ou órgão de comunicação.

Clique aqui para entrar no formulário de inscrição.

Jornalistas, escritores, fotógrafos, produtores de áudio e rádio, produtores de televisão e de filmes são elegíveis para se candidatarem. Jornalistas de redação e jornalistas autônomos/freelancers de qualquer nacionalidade também são elegíveis. Também receberemos propostas da imprensa e de grupos e coletivos jornalísticos. Nesses casos, o(a) líder da equipe deve apresentar a proposta. 

As propostas devem ser apresentadas utilizando o formulário abaixo. As seguintes informações são necessárias para preencher o formulário:

• Uma descrição do projeto (máximo de 400 palavras), incluindo (1) uma descrição do tópico e uma explicação do porquê é oportuno; (2) uma descrição da história específica a ser contada (fio narrativo, personagens, tese); (3) uma descrição da metodologia (para onde você vai viajar, com quem vai falar, como a produção ou edição final será realizada); (4) uma explicação de como as informações coletadas serão tratadas, especialmente as que provêm de comunidades locais e indígenas.

• Entregas e plano de distribuição (máximo 200 palavras). A estratégia concreta que será utilizada para divulgar o resultado final do projeto deve ser descrita. Favor incluir as seguintes informações: (1) a mídia em que será publicada (impressa, digital, áudio, vídeo, rádio, televisão, filme, etc.); (2) o(s) formato(s) em que aparecerá(ão) (reportagem, foto-reportagem, crônica, entrevista, podcast, documentário, etc.); (3) as plataformas e canais pelos quais será distribuída (sites, redes sociais, aplicativos, newsletters, etc.). É obrigatório enviar pelo menos uma carta assinada por uma editora ou editor de uma grande mídia nacional ou internacional, expressando um compromisso concreto de publicar o trabalho final e de ativar a estratégia de distribuição descrita no projeto. Esta parte da aplicação será de importância decisiva.

• Plano de segurança. Um plano de mitigação de riscos (saúde, proteção física e psicológica) tanto para os jornalistas quanto para as comunidades locais e indígenas envolvidas na reportagem, assim como uma declaração dos compromissos éticos da equipe de reportagem. 

• Um orçamento estimado. Todos os custos do projeto devem ser apresentados. O dinheiro pode ser usado para cobrir viagens e hospedagem, para compensar jornalistas locais, aluguel de equipamentos, análise de dados, visualização e criação de conteúdo para canais digitais. A mídia que se candidata ou se compromete a publicar deve remunerar de forma justa o trabalho de seus jornalistas. No entanto, a proposta pode ser utilizada para pagar os freelancers. Isto será decidido caso a caso. Será obrigatório incluir os custos do seguro saúde de viagem para as pessoas que vão a campo. Os projetos com um plano de custos eficiente e razoável serão selecionados. As propostas que não justificam o orçamento em detalhes serão descartadas imediatamente.

• O(A) jornalista líder deve incluir informações de contato, currículo, três exemplos de trabalho e três referências profissionais na proposta.
   
• O resto da equipe deve ser listado na proposta com nome e sobrenome, currículo e descrição de cada função.

Data de encerramento das inscrições: 18 de janeiro de 2023. Data limite para publicação: 30 de junho de 2023.

Valor da bolsa e pagamentos: As propostas selecionadas receberão os fundos necessários para a realização de seu projeto. A primeira metade da bolsa será paga quando o projeto tiver sido selecionado. A segunda metade só será paga depois que o projeto for publicado, de acordo com o plano de distribuição previsto no contrato. O projeto deve ser publicado até 30 de junho de 2023. Se este prazo não for cumprido, o segundo pagamento não será feito.

Uma semana após a apresentação da proposta, os candidatos receberão um e-mail confirmando o recebimento da proposta. As propostas selecionadas serão anunciadas em fevereiro de 2023, após análise pelo Comitê do Amazon RJF e pela equipe editorial do Pulitzer Center.

Envie seu projeto aqui.

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