Os Ashaninka combinam os costumes tradicionais com os ideais de sustentabilidade, como o sistema...
Na Serra do Divisor, fronteira do Brasil com o Peru, para conhecer a cultura do povo Ashaninka, que se espalha entre os territórios brasileiro e peruano, e é responsável pela proteção da floresta em uma das maiores biodiversidades do planeta.
Bem antes do mundo se preocupar com as mudanças climáticas, o povo Ashaninka já se espalhava pelas curvas do rio Amônia, que nasce do outro lado da fronteira e desemboca no Juruá, semeando e plantando as florestas que hoje são uma barreira contra o aquecimento global. São 87 mil hectares de floresta exuberante, onde antes só existiam grandes pastos sem floresta. Plantaram e semearam 200 mil árvores e 300 mil pés de açaí, há 30 anos.
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Lar de uma infinidades de espécies, como a Samaúma - árvore gigante que desponta como sentinela dos rios - a terra Ashaninka é o lar de um povo que resistiu à chegada dos espanhóis no Peru e à expansão do ciclo da borracha na Amazônia. Hoje, o povo originário luta contra estradas e projetos agrícolas e de mineração, madeireiros ilegais e tráfico de drogas, atividades que colocam em risco a sua sobrevivência como povo e cultura.
O contato com os Ashaninka é um mergulho numa etnia rica, que produz o urucum, a tinta usada na pintura corporal, e tecidos fabricados fio a fio com paciência e habilidade em teares de tradição ancestral, no algodão colhido no pé; na arquitetura efêmera que constrói e põe abaixo as casas, para que os jovens possam aprender a construí-las novamente.
No encontro dos saberes da floresta e de indígenas universitários, que voltaram pra casa, a cultura Ashaninka é uma rara interseção de conhecimentos práticos e acadêmicos que se complementam. Uma fortaleza verde instalada no coração da floresta que inspirou Milton Nascimento a compor uma de suas canções mais famosas.
Beleza e força, resistência e tenacidade, tradição e modernidade.
Em meio às ameaças do século 21, os Ashaninka constinuam semeando a floresta e a esperança.
