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Reportagem Publication logo Julho 11, 2023

Indígenas Siona pedem silêncio para seus rituais de ayahuasca

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The Jirijirimo waterfall, on the Yaigojé river, in the Brazilian state of Amazonas.
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The FLARES FROM THE AMAZON project seeks to warn of the increased dangers of deforestation and...

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Esta videira, usada para preparar a ayahuasca, é plantada na selva e em locais sagrados do povo Siona. Imagem por Edilma Prada. Colombia, 2023.

Exploração de petróleo, conflito armado e ocupação ameaçam espiritualidade do povo do Putumayo, entre Colômbia e Equador


Oespírito da onça, guardiã ancestral dos Siona, está enfraquecido. Sua força quase não é mais sentida nas selvas do departamento colombiano de Putumayo, na fronteira com o Equador.

O povo indígena binacional já não tem o silêncio necessário para se conectar com seu animal de proteção durante as cerimônias da planta sagrada yagé, conhecida como ayahuasca entre outros povos amazônicos. Eles culpam as empresas petrolíferas, os grupos armados – legais e ilegais – e a ocupação por camponeses pelo barulho, pelo conflito armado e pelo confinamento que perturbam suas crenças e sua espiritualidade.

Em uma casa de madeira na margem esquerda do rio Putumayo vive Pablo Maniaguaje Yaiguaje, um dos sábios – ou taitas – e curandeiro da Terra Indígena Siona (Zio Baín) Buenavista. O taita teme que o incessante barulho dos poços de petróleo não lhe permita realizar com calma as tomas ou cerimônias de yagé, infusão de plantas e trepadeiras que crescem na selva que são consumidas em meio a cantos e orações ancestrais.

Ao tomarem o yagé, os Siona relaxam e conseguem ver a pinta, imagens que representam a vida, o cosmos, a natureza e os animais sagrados. Também ouvem as vozes dos seres espirituais e seu deus, o yagé, que transmite mensagens para guiar seu povo. Alguns taitas veem e falam com a onça. A conexão acontece nas profundezas da selva, à noite e em silêncio.


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'O barulho está nos atormentando'

“Sempre tem o tun tun tun e à noite o eco é mais claro." Pablo refere-se ao barulho das petrolíferas localizadas a cerca de 1.300 m do limite da terra indígena Buenavista. “Eles instalaram cerca de seis poços”, explica, apontando para trás de sua casa, uma região com buritis e outras espécies de árvores.

Nos rituais “a gente não consegue chegar onde está o zelador do nosso território (a onça). Por quê? Porque a gente não consegue se concentrar. A gente pode tomar um gole (de yagé), pode tomar dois, três, mas não consegue chegar porque o barulho está nos atormentando”, lamenta o taita.

Pablo sentada com adornos tradicionais
Pablo Maniaguaje Yaiguaje, um dos sábios – ou taitas – e curandeiro da Terra Indígena Siona (Zio Baín) Buenavista. Imagem por Edilma Prada. Colombia, 2023.

“O yagé é meu pai, é meu segundo pai, é meu pai espiritual, que me faz conhecer muitas coisas.” Por meio dessas plantas também é possível ver o que está acontecendo no território. “Sentados aqui, bebemos, invocamos nossos espíritos para impedir aqueles que querem prejudicar nossa comunidade. Também rezamos e protegemos nosso povo para que se defenda e nada lhes aconteça”.

Mãos seguram cumbuca
A infusão sagrada, yagé, ou ayahuasca, é distribuída durante as cerimônias em cumbucas como esta. Imagem por Edilma Prada. Colombia, 2023.

A terra indígena, estabelecida em 1974, estende-se por 4,5 mil hectares a leste do município de Puerto Asís, no povoado de Piñuña Blanco. Segundo o último censo populacional realizado pelo DANE, em 2018, os Siona contavam com apenas 2.599 membros, o que faz deles um povo em risco de extinção.

Desse número, de acordo com os registros atuais da terra indígena, 730 vivem entre Buenavista e a comunidade San José de Wisuyá, na província de Sucumbíos, no Equador, do outro lado do rio Putumayo (Grande Rio ou Jai Ziaya). Os demais Siona estão em diferentes comunidades em outras terras indígenas nos municípios de Puerto Asís, Puerto Leguízamo e Orito.

Vista aérea da comunidade Buenavista às margens do Putumayo
Vista aérea da comunidade Buenavista na terra indígena Siona (Zio Baín), às margens do Rio Putumayo. Imagem por Edilma Prada. Colombia, 2023.

Os Siona se consideram “pessoas da chagra e do yagé”, os principais elementos de seu sistema de crenças e identidade. Eles vivem da chagra – um sistema plantio – de banana, mandioca, abacaxi e outros produtos. Também subsistem da caça, da pesca e da venda de artesanato. Em seu território, há seis casas de remédios, onde as famílias se reúnem para tomar remédios ancestrais. Hoje, restam quatro sabedores.

Cestas, mochilas e adornos em superfície de madeira
Essas cestas, bolsas e adornos identificam a cultura Siona. Também vivem do artesanato. Imagem por Edilma Prada. Colombia, 2023.

A morte do taita Luis Felinto

Uma dessas casas fica nas profundezas da selva, em San José de Wisuyá, e funciona “como uma cerca para que essas petroleiras não entrem nos territórios e nenhum mal entre”, diz Yesid Piaguaje.

Para ele, o maior dano causado pela petroleira, localizada a apenas 3 km da comunidade, foi a morte de seu pai, o taita Luis Felinto Piaguaje Yaiguaje, em outubro de 2018. A aldeia ainda não se recuperou da perda de sua autoridade tradicional e historiador oral.

"Meu pai ficou doente porque estavam construindo um oleoduto por aqui e o trator veio e cortou árvores, arbustos de remédio, yoko e yagé (...) E quando eles passam pelos locais sagrados dos taitas, isso afeta a parte espiritual", explica Yesid, mostrando uma fotografia de Luis Felinto.

Yesid Piaguaje mostra a fotografia de seu pai
Yesid Piaguaje mostra a fotografia de seu pai, o taita Luis Felinto Piaguaje Yaiguaje, autoridade tradicional e historiador oral, falecido em outubro de 2018. Imagem por Edilma Prada. Colombia, 2023.

Defensoria do Equador indicou que o estado de saúde de Luis Felinto se deteriorou "pelos efeitos causados ​​pelas operações das empresas Petroamazonas EP e Amerisur PLC realizadas, sem consulta prévia ou licença ambiental, no território da comunidade. Sua saúde foi particularmente afetada pela destruição da Casa do Pensamento, o local sagrado dos taitas, e pelo bloqueio de uma fonte de água que a abastecia e era usada para a prática da medicina ancestral, um direito coletivo do povo Siona."

Até o momento, eles não receberam nenhuma reparação do governo equatoriano ou das indústrias extrativas.

Os danos causados ​​pelo petróleo

As empresas petrolíferas também são responsáveis pela poluição da água consumida pelo povo. A terra indígena Siona Buenavista documentou descargas diretas de água com petróleo nos córregos Mansoya, Singuiyá e Peneya, e nos rios Putumayo e Piñuña Blanco. “Em 2012 jogaram água contaminada de madrugada, para que as pessoas não percebessem. Era difícil navegar no rio porque o cheiro era insuportável. Foi aí que começamos a denunciá-los", diz Mario Erazo Yaiguaje, governador da terra indígena.

Há 30 anos, os Siona bebiam água do rio porque era limpa, mas agora têm que comprar tanques de plástico para coletar a água da chuva, explica María Nibia Iles, ex-promotora de saúde. Mesmo assim, quando chove, "um resíduo preto se acumula no tanque por causa da fumaça”. A comunidade precisa usar filtros para beber água potável.

Os impactos ambientais (“contaminação das fontes de água e efeitos na flora e fauna”) e sociais (danos a “lugares sagrados, práticas e identidades culturais e militarização”) constam do dossier de consulta prévia entregue ao Ministério do Interior da Colômbia, de acordo com o relatório de 2019 "Análise da indústria de hidrocarbonetos no sopé da Amazônia".

Atualmente, na Colômbia, os poços de petróleo são propriedade da Geopark, empresa chilena que comprou da Amerisur blocos na bacia de Putumayo, incluindo o bloco Platanillo, adjacente a Buenavista. Um pouco além da fronteira, a Petroecuador opera explorando os blocos localizados perto do território da comunidade San José de Wisuyá.

Para os Siona, no entanto, as fronteiras não existem. “O que acontece do lado colombiano acontece aqui do lado equatoriano. São os mesmos efeitos, a mesma contaminação, o mesmo conflito armado”, explica Yesid.

Mario Erazo Yaiguaje pose com adornos tradicionais
Mario Erazo Yaiguaje, governador da terra indígena Indígena Siona (Zio Baín) Buenavista. Imagem por Edilma Prada. Colombia, 2023.

Desde 2014, o povo Siona em Buenavista, no lado colombiano, usou seu direito à consulta prévia para negar as explorações e os estudos sísmicos que a Amerisur pretendia realizar em seu território. O mesmo aconteceu do lado equatoriano, onde a comunidade Siona-Kichwa de San José de Wisuyá também optou por não permitir atividades extrativistas. Em 2022, reiteraram não ter interesse em participar das assembleias de socialização da II Rodada Petroleira Intracampos. Apesar da oposição, a presença de multinacionais nessa região de fronteira existe. E sua expansão é iminente.

Com relação ao território no Equador, em agosto de 2018, a Defensoria do Povo determinou a "violação dos direitos coletivos de consulta prévia, do direito ao território e do direito à identidade cultural, bem como dos direitos à natureza e ao meio ambiente pelo Estado equatoriano, por meio do Ministério do Meio Ambiente e das empresas Petroamazonas EP e Amerisur PLC". No mesmo ano, uma medida cautelar foi concedida na Colômbia em favor do povo Siona para proteger seus direitos.

"As acusações contra essa comunidade pelos diferentes atores do conflito que operavam na área começaram em 1990, e os confrontos se intensificaram quando a extração de petróleo começou", afirma a resolução.

Essa medida se somou a outra que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) concedeu naquele mesmo ano exigindo que o Estado colombiano protegesse o povo Siona, que nove anos antes já havia sido declarado pela Corte Constitucional colombiana (no Auto 004) como povo em risco de extermínio físico e cultural devido ao deslocamento e às graves violações de seus direitos.

Até o momento da publicação, a Geopark não havia respondido ao email da reportagem que pedia sua versão dos impactos gerados pelo barulho dos poços e pelo descarte de água contaminada com petróleo bruto que afetam a vida e a espiritualidade dos Siona.

Confinado em sua comunidade

Para os Siona, não é seguro caminhar em vários locais sagrados em seu território devido à presença de minas terrestres e explosivos deixados por ex-guerrilheiros das FARC e membros das forças militares.

"Entre 2011 e 2013, plantaram minas em lugares sagrados onde estão nossas plantas, onde costumávamos colher nossos alimentos e realizar rituais", diz Alonso Eduardo Otávalo, coordenador do território e membro dos cuiracuas, cuidadores ou guardiões indígenas. O grupo é formado por 45 membros da comunidade.

Apesar de esforços de desminagem humanitária, “na profundeza da selva, em Puerto Silencio, ainda há minas”, explica Alonso.

Adiela Jineth Mera Paz posa para retrato com vestimenta tradicional
A líder Adiela Jineth Mera Paz é uma das duas mulheres Siona que acompanharam missões humanitárias de desminagem em seu território. Imagem por Edilma Prada. Colombia, 2023.

“Procuramos as entidades para pedir que nosso próprio povo seja treinado para realizar esse trabalho, para entender e entrelaçar as conexões que temos com nosso território e o que nosso povo sentiu durante [o conflito entre o Estado colombiano e as FARC]”, afirma a líder indígena Adiela Jineth Mera, uma das seis pessoas da terra indígena que, desde 2018, foram treinadas para acompanhar o gabinete do Alto Comissariado para a Paz nos dias de desminagem.

A morte da anciã Eloísa Payoguaje, que em dezembro de 2012 pisou em uma mina ao ir pescar no rio, é um dos acontecimentos mais dolorosos para a comunidade. Sua morte é uma de 45 que os Siona denunciaram frente à comissão estadual que visitou a terra indígena em 2017.

Após a assinatura do acordo de paz de 2016 entre o governo colombiano e as FARC, outros grupos criminosos se estabeleceram no território. “O contexto de medo, confinamento, deslocamento e recrutamento ainda é muito real”, denuncia Mario, governador da terra indígena. Hoje, os grupos criminosos que atuam na área limitaram o horário de mobilidade dos indígenas, proibindo-os de sair de suas casas entre 18h e 6h.

Essas restrições afetam sua segurança alimentar e a conexão com seus costumes. “Na nossa cultura, saímos para pescar à noite, pegamos peixes com linha de pesca, em canoas, com uma lanterna. Vamos às praias. E nessa hora não podemos, não podemos mais andar, nem caçar, o que é feito à noite. Se saímos, corremos um risco”, diz o cuiracua Alonso.

Casas à beira do rio
À noite, os indígenas são proibidos de pescar e se deslocar no rio, rodovias e estradas. As restrições foram impostas por grupos dissidentes das FARCs. Imagem por Edilma Prada. Colombia, 2023.

Em 2018, dissidentes da Frente 1 Carolina Ramírez das FARC começaram a disputar território em Puerto Asís e outras regiões do Baixo Putumayo com o "Clã Sinaloa", agora "Comandos de la Border", para manter “controle sobre economias ilícitas”, a Defensoria Pública da Colômbia documentou em 2021. Recentemente, a Frente matou quatro jovens indígenas que já haviam sido vítimas de recrutamento forçado no Putumayo, o que fez com que o presidente colombiano, Gustavo Petro, suspendesse o cessar-fogo com os dissidentes em maio de 2023.

Segundo a Defensoria, a configuração armada em Putumayo se deve ao fato de que essa região tem interconexões terrestres e fluviais com os departamentos colombianos de Nariño, Huila, Cauca e Caquetá, o que facilita "o trânsito de armas, homens (sic), o estabelecimento de zonas de retaguarda no vizinho Equador e, sobretudo, o transporte e a comercialização de coca”. Uma dessas rotas passa perto da terra indígena Buenavista.

Nos últimos anos, os Siona também vêm sofrendo com o recrutamento de jovens da terra indígena. O governador Mário acusa os grupos de oferecer dinheiro e enganar os jovens. “Como não há alternativas no próprio território, se um ator armado oferece 2 milhões de pesos por mês (cerca de 500 dólares), eles vão embora, porque não têm como sustentar a família”, diz.

Os Siona guardam na memória o horror do longo conflito armado. “As Forças Armadas chegaram com a entrada das petrolíferas. A presença do Movimento 19 de Abril (M-19) e do Exército Popular de Libertação (EPL) foi identificada no início de 1981; em 1985, a das frentes 48 e 38 das FARC, assim como a das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC)”, relata a Comissão da Verdade, nascida do acordo de paz de 2016, em seu relatório de 2022.

Em outros tempos, o zelador do território era a onça. Agora, são os cuiracuas, homens e mulheres que carregam o bastão de palmeira coberto por um tecido com imagens que representam a terra indígena.

Simbolo baston
O bastão é um elemento de proteção do povo Siona. Geralmente é utilizado por indígenas cuidadores do território. Imagem por Edilma Prada. Colombia, 2023.

Deterioração ambiental e desmatamento

A abertura da rodovia La Rosa – La Alea, em Puerto Asís, no Putumayo, para servir principalmente às empresas petrolíferas, prejudicou um cananguchal, um ecossistema de palmeiras que abriga espécies necessárias para o equilíbrio da floresta e para sua sobrevivência nutricional e espiritual.

“O rompimento do corredor biológico fez com que os animais saíssem, fossem embora devido ao desmatamento, uma vez que já não tinham mais suas sementes, que é alimento para eles e para nós, como indígenas. Algumas plantas também são medicinais”, acrescenta Mário.

A Câmara de Justiça da Prefeitura de Puerto Asís também denunciou que a exploração de petróleo realizada com o uso de dinamite entre 2019 e 2020 afetou o ecossistema da aldeia Piñuña Blanco e da terra indígena Buenavista.

Mais terra para curar o território

Proteger a espiritualidade e seus territórios tornou-se a luta dos Siona. Eles sabem que uma das formas de alcançá-la é recuperar a terra que vêm perdendo. Desde 2018, o município abriu o pedido de ampliação de sua terra indígena em 52 mil hectares. Em 2020, a Unidade de Restituição de Terras realizou a caracterização das afetações territoriais e, no momento da redação deste artigo, o pedido estava em fase probatória.

Para o governador indígena, o processo judicial caminha muito lentamente, enquanto o desmatamento e a tentativa de abrir outra rodovia que cruzaria a área de expansão avançam rapidamente. Mário pede celeridade nas instâncias judiciais.

Em 2022, o desmatamento no município de Puerto Asís foi de 1.250 hectares, incluindo seis na terra indígena Siona de Buenavista, segundo a Fundação para a Conservação e o Desenvolvimento Sustentável. No ano passado, Putumayo viu um aumento de 26% no desmatamento, segundo a ministra do Meio Ambiente, Susana Muhamad.

A onça é um dos animais que vem perdendo seu habitat natural devido à extração de madeira, abertura de estradas e plantação de pasto para o gado. A onça também é caçada para a venda de sua pele e presas no mercado ilegal. Em março de 2023, muito próximo à área de expansão da terra indígena no município de Puerto Asís, foi registrada a morte de um, causando medo nas comunidades indígenas.

Pintura de onça
A imagem do yai, tigre na língua Mai Coca, pode ser vista em vários lugares da comunidade indígena Siona (Zio Baín) Buenavista, inclusive na escola, como um símbolo de força e proteção. Imagem por Edilma Prada. Colombia, 2023.

A onça, que representa força e poder para os povos originários, necessita de cerca de 10 km quadrados de selva para sua subsistência. Este espaço, por sua vez, é o habitat de cerca de 65 espécies de animais que se tornam suas presas e alimento, como explica o biólogo Mario Chávez, da Corpoamazonía.

Embora tenha sido difícil nos últimos anos se conectar com a onça de forma espiritual, os curandeiros Siona dizem que ainda têm “energia para sustentar” seu povo com o poder do yagé. De suas casas de remédios, os taitas continuarão rezando e cantando para animar os espíritos da selva. “É por isso que invocamos e cantamos ao tigre, à jiboia, à águia e ao firmamento. Todos nós rezamos para que esses espíritos, na terra, no território, venham para cá, porque yagé é o pai da medicina, da natureza", diz o taita Pablo, que garante que a forma de manter o legado é compartilhar essa sabedoria com os jovens da comunidade.

Os Siona também esperam que os governos tomem medidas para sua proteção, em ambos os lados da fronteira, e que sejam efetivas diante de graves ameaças de perda de cultura e violação de seus direitos.